Lucubrações só as tem
Todo aquele que está vivo,
E raciocina tão bem
Que ao pensamento dá asas.
Melhor fora se usa crivo
E faz chama, tendo brasas.
Por vezes vem a tristeza
Se a solidão nos invade
Em pensando na incerteza
Que o amanhã nos espera
E ao recordar com saudade
O passado que já era.
Com trabalho construí
Um império pequenino
E tudo o mais esqueci
Distraído em meu labor,
Nos acordes desse hino
Em me julgando o melhor!
Construí uma família
De quem gosto e sou amado
E onde qualquer quezília
Mulher, filhos e netos
Todos juntos do meu lado
Me ajudam com seus afectos.
Meu castelo é defendido
Por família e por amigos,
Os poucos com quem eu lido
Que são amigos de peito
Com críticas que não são figos
Contundentes e a eito.
O viver nos tempos de hoje
No tempo das descobertas
Em que o futuro nos foge
E está presente a saudade,
…Recordações tão abertas…
Dão tristeza de verdade.
Sinto ganas em lutar
Se a tristeza está ausente
E meu mundo é um lugar
Com stress e ambições.
Transformado em valente
A tudo dou soluções.
A morte só é saudade
Se naqueles que cá ficam
Há lembrança e amizade.
Quanto muito, nós lembrados
Quando os sinos replicam,
Ou numa ou outra verdade.
Se o recordar é viver
Saudades dos tempos idos,
Todo aquele que morrer,
“Que a morte nos leva a eito”
Em ficando cá doridos,
Vai o morto satisfeito.
Quanto aqueles que invejosos
Nos dão facadas nas costas
Pensando ser poderosos,
Podem crer que arrebito.
Façam pois suas apostas…
Lhes deixo eu meu manguito.
05.07.2009
3 comentários:
Não olhes a velhice como um mal.
Com a idade ganhaste a consciência
E o brinde duma felicidade natural
Que aviva as recordações d'adolescência.
Se a família te ama e te rodeia
Com amigos compartilhas alegria
Não tens que invejar a vida alheia
Porque é tua a luz de cada dia.
Alberto da Gota
Encolher os ombros, mas o tempo passa...
Ai, afinal, rapaz, o tempo passa!
Um dente que estava são e agora não
Um cabelo que ainda ontem era preto
Dentro do peito um outro, sempre mais velho coração,
E na cara uma ruga que não espera, que não espera...
/...
Alexandre O'Neill
Voyager
(for Jay Fuller)
The Voyager sails toward the
Unmapped regions of a heart,
Slipping silently across its bow,
Cautious of unpredictable currents.
He knows that love can be cast adrift
By the slightest miscalculation
Of a cold, uncharted terrain.
Will he be wise, his compass sure and steady
Mapping the unknown currents in the dawn
Of capsized dreams?
He is undaunted, waits for the opportune time
Before he rides a current straight away
Seeking the sign of the sailor's delight,
A red sunset that may tell him it is safe
To harbor here, despite the memories of last
Night's perilous storm.
Will the heart be steady and let the voyager
Be delivered, casting his anchor safely as Ulysses,
Unbewitched? Or will he give way to the siren songs
Of Aglaeope and Parthenope, and the fickle winds
That seduce men back to sea?
(as edited by John Taggart
and published in Poetry Bay Magazine, 2002)
Enviar um comentário