quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mulher ao lado...condutor atrapalhado




Esta é a nova invenção
que muito vai agradar
a quem na condução
quer silêncio ao viajar.

-
Olha aí que vais depressa !
-Cuidado com esse carro !
-Vira aí nessa travessa !
-Deita fora esse cigarro !

Tantas coisas elas dizem
que por vezes sempre acertam.
Algumas, nos contradizem,
nosso nervoso, libertam.

No falar, não mais se calam
quando ao destino chegamos.
Aos demais, logo elas falam...
-Por pouco... nos estampamos!

Vai daí, tomem bem nota
desta nova solução
que nada tem de idiota
e que se presta à feição.


O TRABALHO


Quem trabalha, sempre alcança
mais trabalho p'ra fazer.
Quem trabalha, não descansa,
gosta bem de se entreter.

Tolo é quem muito faz,
tolo é quem muito alcança.
Preguiçoso dorme em paz,
faz crescer a sua pança.

Assim sendo, me interrogo
do porquê de trabalhar.
Se alguns cobres eu aforro
é para um dia gastar.

Junta o muito, junta o pouco
todo aquele que é medroso.
Só que o pobre do louco
tem gastar dispendioso.

Imaginemos agora
que eu mudava de ideias,
mandava o trabalho embora
não queria mais "pé de meias".

Amigos ? Tinha de mais
p'ra festa do consumismo.
Eram bandos de pardais
envoltos no seu cinismo.

Tolo é quem acredita
na amizade lisonjeira.
Num instante gasta a guita
vão-se todos, na primeira.


APOLOGIA da FRUTA


Quem come a fruta e as cascas
leva também vitaminas.
Quando a fruta tu descascas,
os meus olhos iluminas !

A fruta quer-se madura
porque a acidez é menor.
Gosto dela, tendo-a dura
que é quando sabe melhor !

Eu comi, dei a comer,
dividimos o pomar.
Sempre gostei de meter
o bocado em seu lugar !

Toda a fruta tem seu gosto
daí ser apetecida.
Quando como a contra gosto
a fruta não sai crescida !

Todas têm cor diferente
conforme o nome da fruta.
Roupagens, mudam a mente
e mais prazer se desfruta!

Toda a fruta fica bem
nos cestinhos p’ra vender.
Todos mais e, eu também,
a gostámos de comer !

Quantas vezes pelo cheiro
se decide a sua escolha ?
Há p'ra aí muito artilheiro,
cai de cabeça e não olha !

No pomar eu recolhi
a fruta mais variada.
Tendo em conta a que comi…
podem crer, só foi pitada !

O prazer que a fruta dá
é sensação passageira.
Como aqui, como acolá,
Só não como a travesseira!

Quantas vezes o sabor,
não trás amargos de boca.
Há p'ra aí muito estupor
que nos põe cabeça louca !

Toda a fruta tem seu tempo
em mostrar-se e ser comida.
Cuidado que o passatempo
não vai durar toda a vida !

Toda a fruta, engelhada
trocada é por mais nova.
O que acontece à velhada
é não trincar uma ova !

Quem andou não tem p'ra andar
diz o povo em seu saber.
Quem já não pode trincar
é porque a não pode crescer !

Se a fruta tem podridão
foi o seu tempo passado.
Na velhice, a solidão,
passa um filme... recordado !


Os postais, ... do meu Avô !



Olhem bem esta beldade,
ricas mamas ela tem.
Dito em boa verdade,
é o que mais nos convém !

Com seu olhar mui gaiteiro
tem na mão a ferradura.
Se dá sorte, sou primeiro
a mostrar minha bravura.

Com seu chapéu de flores
mais flores em seu regaço,
despontou muitos amores,
todos queriam tal pedaço.

E essa coisa de tirar
o corpete junto ao peito ?
Um nunca mais acabar
p'ra ver um corpo perfeito.

Eu sinto-me enamorado
por esta cara gaiata.
Seus peitos, do meu agrado
devem ser de aristocrata.

Por mim tenho, muita pena,
quem me dera o seu autógrafo.
Ter comigo esta pequena
sem ciúmes do fotógrafo.

O tempo, faz diferença
para o qual nos situamos.
Um tempo, há sem presença,
outro há, no qual andamos.

Assim sendo eu cheguei tarde
ou a dama cedo veio.
Que importa fazer alarde,
não faz jus ao galanteio.

E uma tristeza me invade
ao pensar nesta Rainha,
pois com toda a probidade
já morreu esta avozinha.


terça-feira, 4 de agosto de 2009

Num corre, corre, ... que já correu


Num corre, corre que corre
Corria a Dona Estefânia
Numa corrida sem par.
Assim correndo, ela morre
Nessa corrida espontânea
Em que corre sem parar !

Fui atrás dela correndo,
Muito corri nesse dia
Correndo sem gosto algum.
Podem crer, ia morrendo
Ao correr em demasia
Pois eu estava em jejum.

Esbaforido e confuso
D. Estefânia agarrei
No final da correria.
Em pensando ser abuso
Quando a mão nela pousei
Disse não querer companhia.

E dentro da casa dela
Foi ofegante a corrida
E eu decidi perguntar:
- Se acaso não és donzela
Fico aqui, dá-me dormida
Contigo quero sonhar.

Nessa altura ela parou
Vermelha como um pimento,
Já lhe corria o suor.
A um lenço se assoou
E num breve fingimento
Me disse olhando em redor.

- Amigo meu que correis
Tão lesto quanto eu corro
Aqui vais ter teu revés.
Logo fiquei aos papeis,
Por pouco pedi socorro,
Fugiu-me ela a sete pés.

Quem porfia mata caça
E ao ver como corria
Eu corro mais do que dantes.
Logo ali faço trapaça
Com um pouco de magia
Mais corda dei aos pedantes.

Foi numa curva apertada
Que tentei ultrapassagem
Recebeu primeiro encosto.
Ali mesmo abraçada
Para mim tirou roupagem
Tudo o mais ficou exposto.

Depois de muito correr
Fica a gente afogueada
Apetece descansar.
Na missão de socorrer
Lá se repete a fornada
Petiscando em seu pomar.

Estefânia representa
O mundo das muitas mais
Que apanhamos na corrida.
Sendo boa a ferramenta
Não precisa manuais
P’ra fazer sua investida

Mas hoje velho e cansado
Já não corro como dantes
Que a vida não tem segredos.
Deixei de ir ao mercado
Palpitações ofegantes
Perpassam pelos meus dedos.