domingo, 25 de outubro de 2009

A minha vizinha

Há p’ra aí, uma vizinha
Que me faz andar na lua
Pois é boa, como milho.
Quando à tarde, à tardinha,
Passo por ela na rua
… Acendo logo o rastilho.

Pernocas com coxas boas
De mini saia a valer,
Marcam passos no ladrilho.
Seus peitos, duas meloas
Que o decote deixa ver
… Acendo logo o rastilho.

No que vejo me contento
Já que o mais não posso ver
Dentro está do espartilho.
Dando corda ao instrumento,
Ai quem ma dera comer,
… Acendo logo o rastilho.

Quis a sorte de a encontrar
Lá no nosso elevador
Quando entrei de afogadilho.
Não me pude concentrar
Tamanho foi o ardor
… Acendi logo o rastilho.

Qualquer dia vou-me a ela
Só p’ra ver no que isto dá
E puxo logo o gatilho.
Por certo não é donzela,
Quando a moça não é má
… Acendo logo o rastilho.

Nosso prédio tem escadas
Eu subi seu patamar
Espreitei por um caixilho.
Por vezes dão-me guinadas
Tenho ganas de entrar
… Acendo logo o rastilho.

Corajoso fui audaz,
Lá bati à sua porta
Mais parecia um andarilho.
Veio ela pertinaz,
A minha fala me corta,
… Acendi logo o rastilho.

Sendo eu um seu vizinho,
Me convidou a entrar
Tinha na mão um cepilho.
Com a bata em desalinho
Por cima de corpo alvar.
… Acendi logo o rastilho.

Depois de bem conversar
Com a mulher que se grama
Caímos no tombadilho.
A pressa pode enganar,
Meteu-me ela na cama
… Não acendi o rastilho.

Coisas destas são normais
Quando é mui a grande pressão
Que dá cabo do casquilho.
Já nos casos conjugais
Por vezes vai-se a função
E não se acende o rastilho.

Não ponhas muita pressão
No que tiver de ser feito
Que acabas fazendo nada.
Com calma vem o tesão,
É tudo questão de jeito

Fica a mulher consolada.

Faz sentido - O azul e o Vermelho



Madame Da Conta Pinto
Emborcando o seu tintol,
Neste privado recinto
Em que falta o guarda-sol.

De vermelho e à sua beira
Juntamente com a amiga.
Luísa Filpe Vieira
Também bebe jeropiga.

Não faz falta o guarda-sol,
Ambas têm bons chapéus.
Discutindo futebol
Distribuem seus troféus.

- Dois p’ra mim e um p’ra ti,
O caso fica arrumado.
- Se eu a bola não vi
Ficou o golo anulado!

E nestas calhas da vida
Muito arrisca, todo aquele
Que faz luta compelida
E tudo quer para ele.

Lá diz o velho ditado,
Se o inimigo não vences,
Faz com ele um bom tratado
Põe de parte leis forenses.


Sentadas na esplanada
Gozam à farta os tolos.
De futebol, sabem nada,
Tão pouco brindam aos golos.

E cá o Zé que é tripeiro
Não grama o Zé alfacinha.
Todos querem ser primeiro
À custa de uma mezinha.

Mas estas duas patroas
Da melhor sociedade,
Cantando vão, suas loas,

À perdida mocidade !

As mulheres do meu país


As mulheres do meu país
Mostram cara que adorais .
Mas quando estala o verniz
Até mostram muito mais.

Seus decotes bem abertos
Mostram o rego das mamas.
Nossos sentidos despertos
Logo ali vêem programas.

Na rua ao passar por nós
Aquilo dá mesmo raia.
Nas calças descoso o cós
Quando vestem mini saia.

Na praia, ali é mato,
Já não usam biquíni.
Deixou de ser caricato
Vestem só o monoqui.

Mas agora a moda muda
E p’ra algumas é fatal.
Já anda gente desnuda
Calçando fio dental.

Se a muitas falta decoro
Outras há que encafuadas
Consideram desaforo
Ter as caras destapadas.

Pena tenho que assim seja
Às ditas desses países
Que as suas caras não veja
Pobres delas, infelizes.

Mas olhando noutra via,
Nosso apetite perdemos.
Sendo muita a iguaria
Pouco ou nada, nós comemos.

O mesmo não acontece
Nas mulheres que usam turbante.
Seu marido desfalece
Se ela o tira num instante.

Quem limitado se vê
Com pouco alimenta o Ego
E se um nadinha antevê,
Logo deixa de ser cego.

E eu p’ra aqui a pensar
Nos coitados desses povos.
Tão pouco podem mirar,
Sejam velhos, sejam novos.

Assim sendo, eu fico cá
A ver passar as cachopas.
Vou esquecer as de lá
Que aqui eu vejo as mamocas.