segunda-feira, 6 de julho de 2009

As estrelas da minha infancia


Foi com surpresa que vi
As estrelas do meu tempo.
Pena foi, só antevi,
Ser aquele o seu momento.



Eu recordo uma revista
Semanalmente comprada
Com poster de muita artista
Que na parede colava.


As fotos não tinham cor
Mas que importava na altura !
P’ra mim todas, um amor
Cuja saudade perdura.



Tinha a parede colada
Só de fotos, mais de vinte.
Uma ou outra mais amada
Qualquer delas, um requinte.


Mais tarde, namorador
Fiz limpeza na parede.
Acabou-se um certo ardor,
Lá se foi a minha sede.



Minha mãe ficou contente
Na parede pôs papel.
Ficou o quarto decente
E acabou-se o bordel.



Muitos anos se passaram
Nunca mais nisso pensei.
fotos dessas me mandaram
E a recordar, … acabei.



Nestas fotos eu revejo
A lembrança dum passado.
Mas estas moças que eu vejo,
Já não são do meu agrado.



Uma tristeza me invade
P’lo tempo que já passou.
Que importa seja a saudade
Da vida que se afastou.



Quanto muito são velhinhas
Se vivas elas estão.
Outrora foram rainhas
Jazem hoje num caixão.



Eu também envelheci
E a todos calha morrer.
Ter vivido o que vivi,
Esta vida percorrer.


A morte algum medo mete
Só de pensar que perdemos
Tudo quanto à Internete
Certo futuro antevemos.



Nossos netos vão gozar
Das invenções que antevejo.
Tenho pena não estar,
Esse futuro, … eu invejo.



Quem andou não tem p’ra andar
Diz o povo em seu ditado.
Se o presente é p’ra gozar
Esqueçamos nosso fado.


E uma alegria me invade
De saber que vivo estou.
Que importa seja vaidade
Se em poesia me dou !



E no prazer de escrever
Estas quadrinhas singelas,
Rejuvenesço a meu ver,

Fico mais novo que elas.



1 comentário:

Unknown disse...

Poeta que trazes contigo da infância
a saudade imensa desses outros tempos
é hora de esqueceres os manuais passatempos
que sujaram a cama de branca substancia.

Passado longínquo que já não volta mais,
a dor das artroses já não te consente
essa linda prática de adolescente
que na solidão feliz soltava seus ais.

Agora que inauguras uma nova etape
ao iluminares o mundo com este blogue
quem haverá que contigo dialogue
e tuas misérias e grandezas destape?

Alberto da Gota