domingo, 24 de outubro de 2010

Estando eu, deleitado...



Estando eu, deleitado,
Num jardim vendo a paisagem,
Por pouco fiquei varado
Ao ver tão grata miragem.

Uma velhinha devota
Às pombas dava comida,
Com sua neta janota
De mini saia atrevida.

“Estórias”, teve a velhinha
Que não gosta de contar
Porquanto a sua vidinha
Foi um caso de espantar.

Se ela contava o quanto
Que por bem, deu empregado,
Tamanho era o espanto
Do que gozou bem gozado.

A nova, mais atrevida,
Outro tempo, outra gente.
Se ela está na partida
Qualquer dia vai na frente.

Os prazeres que a vida dá
São efémeras alegrias.
Longa vida e que oxalá
Recorde bem os seus dias.

Um corpo quer-se bem feito,
Que tenha alguma carniça
Com duas bolas no peito,
Rabeando anca roliça.

Quanto à velha, coitadinha
Quem andou, não tem p’ra andar.
Respeitemos a velhinha,
Tem conselhos para dar.

Que importa que as mamas tenha
Descaídas e chupadas
E que erotismo não tenha
suas coxas descarnadas !

Quanto à nova, sou espreita,
Sempre gostei de cocar
E em sendo ela bem-feita
Vontade dá, de apalpar.

E ao ver um quadro tão lindo
De gerações tão opostas,
Pensei que o mundo está findo
P’ra corcovada das costas.

Quanto à neta, que tem pinta
Vai ser mulher de galar.
Um qualquer faz-lhe uma finta
Se bem souber pedalar.

E suspirando desisto
Olhando para outro lado.
Nestas coisas não invisto
Já me sinto ultrapassado.

Quem estes versos me lê,
Digo eu, fazendo fé,
Que o velho que outro vê,
Novo, se sente que é.

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